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Expect more: melhores bibliotecas para um mundo complexo
David Lankes
Notas
 
Expect more
https://davidlankes.org/?page_id=8274
 
 
BIBLIOTECONOMIA - INOVAÇÃO
 
LANKES, R. David. Expect more: demanding better libraries for today’s complex world. Disponível
em: . Acesso em: 20 mar. 2017

LANKES, R. David. Expect more: melhores bibliotecas para um mundo complexo. São Paulo: FEBAB, 2016. 172p.
 
Bibliotecários de hoje estão utilizando as lições que aprenderam ao longo de aproximadamente três mil anos de história para construir uma nova biblioteconomia que não seja baseada em livros e outros artefatos, mas no conhecimento e na comunidade. Eles estão aproveitando os atuais avanços tecnológicos para capacitar as comunidades a progredirem. Esses bibliotecários são agentes de mudança positiva radical em salas de aula, salas de reuniões e câmaras legislativas. Eles construíram a web antes de nós a chamarmos de web. Compartilharam conhecimento e trabalhavam com montanhas (p.22) de informação antes do Google, antes do Facebook e até mesmo antes da água encanada. Esses bibliotecários não ameaçadas nem ultrapassados pela internet, eles levam a internet adiante e forjam o mundo ao seu redor - muitas vezes sem que você perceba. (p.23)


O campo da biblioteconomia representa um investimento próximo de sete bilhões de dólares nos Estados Unidos e de 31 bilhões em todo o mundo. Em uma época em que instituições tradicionais estão declinando, a utilização da biblioteca tem crescido constantemente nos últimos vinte anos. Você sabia que nos Estados Unidos há mais bibliotecas públicas que restaurantes do McDonalds e que os americanos vão às bibliotecas três vezes mais que ao cinema? (p.23)

Talvez a grande perguntda que você esteja se fazendo, e que é o centro deste livro, é por que tantas pessoas veem a biblioteconomia como antiquada, conservadora, pouco inspiradora? Por que, apesar de as pessoas adorarem bibliotecas e bibliotecários, prontamente as limitam a livros ou crianças, ou simplesmente pensam nelas como remanescentes históricos? A resposta não é que essas pessoas estão erradas, mas que elas precisam idealizar mais. Muitas bibliotecas dizem respeito a livros. Muitos bibliotecários revivem a história e estão presos num conservadorismo profissional que privilegia o que eles fazem em detrimento das razões por que fazem. Muitos bibliotecários veem o acervo, e não a comunidade, como sua ocupação. Muitas bibliotecas buscam sobreviver em vez de inovar, e promover a paixão pela leitura em vez de empoderar as populações a que servem. (p.24)

Vocês precisam saber do que as bibliotecas são capazes, vocês precisam aumentar as suas expectativas. (p.24)

Neste livro você lerá sobre uma biblioteca pública que criou um Fab Lab (laboratório de fabricação) - um espaço onde a comunidade pode trabalhar com impressoras 3D e assim criar novas invenções. Você var ler sobre um biblioteca escolar onde o bibliotecário está tão ocupado em ajudar os professores a melhorar seu desempenho que mal tem tempo de colocar os livros nas prateleiras. Você vai ler sobre bibliotecários criando novas empresas na área rural de Illinois e transformando vidas em Dallas... (p.24)

Aqui está a chave para uma biblioteca bem-sucedida: você. Em uma cidade ou numa das quinhentas melhores companhias eleitas pela Fortune, a biblioteca deve moldar-se aos indivíduos e aos objetivos da comunidade. Se a sua comunidade se esforça para crescer, a biblioteca também precisa crescer. Se você se preocupara com (p.24) o futuro, ou com a economia, ou com o futuro da democracia e, seu país, suia biblioteca também precisa se preocupar. Se você torna públicas essas expectativas, se se prepara com o possível e não apenas com o que já existe, então a biblioteca e os bibliotecários podem abraçar esses ideais e objetivos. Sim, grandes bibliotecas necessitam de apoio financeiro e, mais ainda, de uma comunicação franca sobre suas necessidades, seus desafios e seus sonhos.(p.25)

O argumento central deste livro é o de que necessitamos de bibliotecas melhores. Isso pressupõe que, primeiro, precisamos de bibliotecas. Muitas pessoas questionam a necessidade de se ter uma. Antes de sabermos o que você deve esperar de uma biblioteca, vamos ver alguns argumentos para sua existência.

Os principais argumentos em favor de bibliotecas, no passado e presente, concentram-se em torno de alguns assuntos-chave:

• agente de compra coletiva;
• estímulo econômico;
• centro de ensino;
• rede de segurança;
• gerenciador de patrimônio cultural;
• berço da democracia;
• símbolo das aspirações da comunidade.

O escritor Stewart Brand tem uma fala bastante famosa: "a informação quer ser livre". Ao menos, é o que todo mundo atribui como afirmação dele. A frase completa é: "Por um lado a informação quer ser cara, porque é valiosa. A informação certa no lugar certo muda sua vida. Por outro lado, a informação também quer ser livre, porque o custo de sua divulgação está ficando cada vez menor. Então você tem estes dois embates, um contra o outro". (p.29)

Pesquisadores de Indiana afirmam que “Bibliotecas tem um valor enorme. Os benefícios econômicos diretos que as comunidades recebem das bibliotecas são significativamente maiores que os custos para mantê-las funcionando. Detalhando:
• comunidades de Indiana receberam 2,38 dólares de benefícios econômicos diretos para cada dólar gasto;
• salários e despesas em bibliotecas públicas geram um adicional de 216 milhões de dólares na atividade econômica de Indiana;
• salários e despesas em bibliotecas universitárias geram um adicional de 112 milhões de dólares na atividade econômica de Indiana.
(p.32)

(...) estudos recentes mostram que as bibliotecas levam a uma compra de livros maior. Na educação superior, “bibliotecas são um fator bastante considerado quando estudantes selecionam uma universidade, e em consequência disso, as bibliotecas acadêmicas podem também impulsionar matrículas”. P.35

Recentemente, durante a crise econômica dos últimos anos, as bibliotecas assumiram um papel importante a ajudar candidatos a empregos. Em algumas delas, trata-se simplesmente de oferecer a desempregados um espaço com acesso a computadores e oficinas de elaboração de currículo. P.35

(...) O transform U é um projeto de várias bibliotecas públicas de Illinois. Os bibliotecários perceberam que, quando as pessoas estão procurando um emprego, com frequência também procuram uma grande mudança em suas vidas. Talvez fosse mais apropriado voltarem à escola. Talvez precisem precisem dos serviços sociais para ajudá-los com suas famílias. Eles definitivamente precisam alimentar um senso de respeito e autoestima. Para satisfazer essas necessidades, os bibliotecários criaram parcerias com escolas locais, agências de serviço social e agências de desenvolvimento econômico. Agora, os desempregados que vão às bibliotecas públicas têm uma rede de apoio completa que os ajuda a identificar seus objetivos de longo prazo e a navegar por confusos sites de escolas e agências governamentais. Eles agora entendem como utilizar as ferramentas da web para encontrar um emprego ou até para montar seu próprio negócio. Esses bibliotecários foram além dos recursos que coletam para ir direto ao encontro das necessidades de sua comunidade. (p.36)

A biblioteca Pública de Dallas fez uma mudança significativa em seu quinto andar, trocando estantes por mesas e quadros brancos. Convidaram empreendedores locais para que trabalhassem na biblioteca, sem cobrança de aluguel. Agora, em vez de ter suas ideias sozinhos em suas casas, eles utilizam salas de conferência. (p.37)

As bibliotecas tais como as conhecemos, proporcionam benefícios econômicos para suas comunidades. Entretanto, à medida que avançamos, podemos esperar mais delas. (p37)

Para as bibliotecas, esse argumento se baseia na famosa crença de que o melhor aprendizado acontece em ambientes ricos em informação. (p37)

Alfabetização, aprendizado e estudo sempre estiveram associados a biblioteca. De fato, a maioria dos diretores de bibliotecas das Idade Média eram estudiosos que também eram responsáveis por manter o acervo. Ainda hoje, essa tendência permanece: a Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos é dirigida por um historiador. (p.38)

Na década de 1900, o argumento de bibliotecas como espaços de aprendizado conduziu o trabalho das bibliotecas públicas como “universidades do povo”. Melvil Dewey, criador do Sistema de Classificação Decimal, acreditava que bibliotecas públicas e escolas públicas se igualavam como instituições educacionais.

(...) é suficiente criar um ambiente rico de recursos que facilitam a aprendizagem? Se eu deixasse uma criança de dois anos sozinha em uma biblioteca com um riquíssimo acervo o voltasse em dois dias, ela já saberia ler? (p.39)

As bibliotecas públicas têm trazido informação para aqueles que, se não fosse por isso, seriam incapazes de adquiri-la. (p.40)

Precisamos de bibliotecários que ensinem, resolvam problemas e advoguem por sua comunidade. (p.40)

A ênfase dos últimos trinta anos tem sido a informação e nos recursos que têm impacto direto e imediato no ensino, aprendizado e recreação. Entretanto, no decorrer dos séculos e em muitos países, a preservação da produção cultural (trabalhos artísticos, manuscritos e outros) era a razão principal por trás das bibliotecas. P.42

Muitas bibliotecas norte-americanas, principalmente as universitárias, ainda constroem fantásticas coleções de arte e tesoures históricos. Mas a forma de tratar o patrimônio cultural nas bibliotecas também está mudando. Atualmente, além de preservar artefatos culturais do passado, os bibliotecários estão trabalhando com a comunidade para resgatar a cultura do presente. Ken Lavander, professor da Universidade Syracuse, trabalha com voluntários e estudantes na própria comunidade, capturando histórias, digitalizando caixas de sapato cheias de fotos, e elaborando histórias orais como forma de passar essa herança para as futuras gerações. (p.42)

Nossa história e o modo como nos víamos no passado são peças fundamentais par avançarmos. Portanto, devemos agora esperar que nossas bibliotecas não somente atuem como um depósito das obras de grandes homens do passado, mas também capturem nossa história tal como se revela hoje. (p.43)

Para sermos claro, é possível ter bibliotecas sem democracia e democracia sem bibliotecas – basta olhar o percurso da história. Entretanto, eu diria que, para ter uma verdadeira democracia liberal, as bibliotecas são um requisito. (43)

Por que as bibliotecas são tão importantes para uma democracia liberal? A resposta curta é que uma verdadeira democracia requer a participação de uma sociedade bem informada. A principal missão das bibliotecas, públicas ou de qualquer outro tipo, é criar uma nação de cidadãos ativos e informados. (p.43)

Claro que todo o acesso do mundo não servirá par nada se você não souber o que fazer com a informação que está acessando. 46

A biblioteca da Universidade de Syracuse estava cheia e não havia mais espaço nas prateleiras. Isso não é um “problema” incomum para todos os tipos de bibliotecas, e as soluções para esse problema variam do descarte até a construção de um novo prédio. Syracuse tentou a primeira opção, depois a segunda, e finalmente chegou ao armazenamento fora da biblioteca. Os bibliotecários separavam os itens menos usados (aqueles que não eram emprestados havia cerca de dez anos) e os despachavam a um depósito a cinco horas de distância. Se algum desses itens fosse requisitado, precisava ser despachado de volta para Syracuse ou ser digitalizado e enviado diretamente para o computador do professor ou aluno.
Você pode achar que são poucos os livros não emprestados num período de dez anos, mas está enganado. Qualquer biblioteca empresta livros segunda a regra dos 80/20. De um acervo, 80% do que será utilizado corresponde a 20% do acervo total. Ou seja, você pode descartar 80% dos livros do seu acervo e ainda assim atenderá 80% dos pedidos de sua comunidade. Então, por que manter o restante? Bem, você jamais saberá se um dos usuários que está entre os 20% precisará, para tratar de um câncer, por exemplo, de um dos livros que está entre os 80% menos procurados - e não há como saber com antecedência.

A biblioteca de Syracuse, no entanto, não estava descartando os livros de baixo uso, apenas os mudava de lugar, o que parecia lógico. Entretanto, os departamentos da área de ciências humanas quase se revoltaram. Professores de teologia, graduandos de história e de inglês organizaram protestos na biblioteca e escreveram ácidos textos. “Por que não podemos colocar os livros em um local dentro da universidade?”, “Já era um acervo ruim, por que piorá-lo?”.

Embora os bibliotecários esperassem alguma resistência ao plano de levar livros para outro local, o nível de resistência os pegou de surpresa. Por anos, os bibliotecários potencializavam o uso da biblioteca. Com a introdução de espaços de aprendizagem, pontos de encontro, um café, e novos serviços, a biblioteca era usada mais do que nunca. Ela estava cheia não apenas em termos de livros, mas também de pessoas. O problema era que os acadêmicos da área de humanas não viam o café e universitários plugados como uso apropriado do espaço. Cada mesa representava um espaço para mais estantes e mais livros. Segundo eles, esse era o propósito de uma biblioteca – abrigar livros e objetos, e não cafés nem pontos de encontro.
Essa ideia de que bibliotecas dizem respeito a livros não se limita às faculdades de humanas.
(p.51-52)

A primeira vista, até algumas normas mais famosas sobre bibliotecas falam sobre livros. Em 1931, S. R. Ranganathan propôs suas cinco leis da biblioteconomia. Estas leis tornaram-se uma pedra angular sobre bibliotecas:
• livros são para serem usados;
• a cada leitor o seu livro;
• a cada livro o seu leitor;
• poupe o tempo do leitor;
• a biblioteca é um organismo em pleno desenvolvimento.

Pode-se perceber que a ideia de que bibliotecas dizem respeito a livros está enraizada no DNA da biblioteconomia.

Entretanto, vejamos: Quão fulcrais são os livros para essas leis? Se Ranganathan tivesse vivido há dois mil anos, teria dito “pergaminhos são para serem usados”? Se substituirmos “livros” por “e-books” ou “páginas web”, estas ideias continuarão verdadeiras? Creio que sim. Essas leis na verdade indicam que o centro da biblioteca é a comunidade. O trabalho da biblioteca é atender às necessidades dos membros da comunidade, e não simplesmente abrigar objetos.

Bibliotecas, boas e ruins, existem há milênios. Durante esse período certamente foram depósitos de objetos, mas também espaços de aprendizagem, guardiãs de documentos dos Estados nacionais e recentemente até incubadoras de desenvolvimento econômico. Na verdade, a ideia de que bibliotecas são entupidas até o teto com livros e documentos é uma visão que tem apenas oitenta anos.

(...)

Quando começamos a pensar em bibliotecas como o paraíso dos livros? Elas sempre abrigaram coleções de objetos, mas até mesmo esse conceito de “depósito” é relativamente moderno. Essa noção surgiu quando bibliotecas procuravam criar acervos abrangentes num tempo em que havia uma dramática queda nos preços do papel e da impressão. Foi somente no século XX que os livros produzidos em grande escala começaram a lotar bibliotecas, salas de estar e escolas.

Essa bibliofilia mudou o modo como olhamos para as bibliotecas não somente hoje, mas ao longo da história.
(p.55)

(...) Na verdade, a biblioteca de Alexandria se assemelhava muito mais à universidades atuais, cm vários edifícios no local... O prédio principal serviu tanto como dormitório quanto depósito. Estudiosos do mundo todos conhecido foram reunidos e estimulados a conversar e criar. Foi, de fato, uma das primeiras usinas de ideias e um dos primeiros centros de inovação da história. O bibliotecário era um dos conselheiros mais próximos dos dirigentes da cidade estado.
p.57



Minha opinião é que, se você pensa em uma biblioteca como um monte de livros dentro de um prédio (ou pior, se seu bibliotecário pensa assim), está na hora de esperar mais – muito mais – de uma biblioteca. (p.57)

Atualmente grandes bibliotecas estão se transformando de prédios silenciosos com uma ou duas salas barulhentas em prédios rumorosos com uma sala silenciosa. Elas estão saindo da esfera dos bibliotecários rumo à esfera das comunidades. O que está guiando essa transformação? O que está moldando o “organismo em pleno desenvolvimento” de Ranganathan? Uma missão de longo prazo: A missão de uma biblioteca é melhorar uma sociedade facilitando a criação de conhecimento em uma comunidade. (p.58)

Bibliotecas ruins criam acervos. Boas bibliotecas criam serviços (e um acervo é apenas um desses serviços). Grandes bibliotecas constroem comunidades (p.58)

Placas de pedra se tornaram papiros, papiros tornaram-se manuscritos, manuscritos tornaram-se livros, e livros rapidamente estão se transformando em aplicativos. As ferramentas que as bibliotecas utilizam para cumprir a missão, qualquer missão, irão mudar. O propósito de usar essas ferramentas (e novas ferramentas) permanece estável por bastante tempo. As bibliotecas precisam trabalhas com conhecimento, não com ferramentas. (p.58)

Vamos resgatar a missão das bibliotecas novamente: melhorar a sociedade facilitando a criação de conhecimento. O que aconteceu com a promoção do amor pela leitura e/ou pelos livros? Crer que a biblioteca pode oferecer mais significa abandonar a leitura, ficção e poesia? A razão de a leitura não estar no centro dessa missão mais ampla é que nem todas as bibliotecas estão focadas na leitura. Bibliotecas escolares e bibliotecas públicas estão focadas na leitura. Bibliotecas escolares e bibliotecas públicas veem a promoção e a expansão das competências de leitura como um dos seus objetivos centrais, bibliotecas universitárias pressupõem que as pessoas que elas atendem já possuem essas competências. Além do mais, embora a leitura seja competência crucial para a criação de conhecimento, não é o caminho exclusivo para o “esclarecimento”. Alguns aprendem pela leitura; outros, por meio do vídeo; outros fazendo; e a maioria aprende com a combinação disso tudo. Devemos esperar que as bibliotecas apoiem todas essas modalidades de aprendizado. (p.58-59)

Quando as pessoas me perguntam sobre bibliotecas, leitura e a missão que apresento, em geral estão perguntando: “Mas eu simplesmente não posso utilizar a biblioteca para ler um bom romance ou emprestar um DVD, sem me preocupar com a salvação do planeta? Leitura apenas como recreação não tem valor?” Minha resposta é que sim e que a ficção é tão importante quanto a não ficção para o aprendizado e a construção do conhecimento...(p59)

Muito da literatura sobre biblioteconomia está focada no conceito de informação e de capacitação, ignorando ou silenciando que as bibliotecas ainda podem ser espaços de recreação e do desenvolvimento da leitura. sem dúvida, este livro é focado nas bibliotecas como espaços de participação social e aprendizado. A questão não é “as bibliotecas deveriam apoiar a leitura creativa?.” A resposta para essa questão depende da comunidade – assim como o apoio às artes ou aos parques. A real questão gira em torno de indivíduos que (p59) querem transformar a leitura recreativa em algo social ou orientado a um objetivo maior. (p60)

Ai eu leio um livro e me apaixono pela história. Poderia ser o suficiente para mim. Mas e se esse livro me inspirasse a escrever o meu próprio livro, ou a inventar algum novo dispositivo, ou a formar um grupo de outras pessoas que também gostaram do livro? Não é papel da biblioteca determinar os resultados da leitura (ou da invenção, ou da criação de filmes) – muito limitadores ao dizer às pessoas o que ler e por quê. Muito pelo contrário, cabe à biblioteca ser um espaço para os membros da comunidade transformarem seu amor e paixão em algo para o bem da comunidade e/ou para seu próprio bem. P60

A prática leva à perfeição. Portanto precisamos apoiar todo os tipos de leitura onde for apropriado (na biblioteca, na escola, nos parques, nas férias, nos laboratórios, nos videogames). Quando lemos as palavras “conhecimento” e “aprendizado” no decorrer deste livro, não pense que as limito apenas às ideias que terminam em livros didáticos e artigos científicos. Poesia, romance e uma boa ficção científica também podem contribuir para a criação de conhecimento. Entretanto, acredito que também devemos esperar de todos os tipos de biblioteca que estejam prontas para apoiar os resultados dessa leitura. p60

Missão para quem?
A declaração de princípios – a definição da missão – é muito importante, pois representa uma espécie de consenso quanto àquilo que uma organização acha importante. É na missão que temos as primeiras impressões sobre como as bibliotecas criam expectativas para si mesmas e para as comunidades a que servem... p60

(...) missão da Biblioteca Pública de Nova York: “A missão da Biblioteca Pública de Nova York é inspirar o aprendizado ao longo da vida, o avanço do conhecimento e o fortalecimento de nossas comunidades”. P61
A missão das bibliotecas do MIT é criar e manter um ambiente de informação intuitivo e confiável, que permita a aprendizagem e o avanço do conhecimento dentro do MIT. Estamos empenhados em desenvolver sistemas, estratégias e serviços inovadores que promovam a descoberta, preservem o conhecimento e melhorem a comunicação científica em todo o mundo. Nós capacitamos o MIT por meio do conhecimento. p61

... Biblioteca do Congresso: “A missão da Biblioteca é apoiar o Congresso no cumprimento de seus deveres constitucionais e promover o progresso do conhecimento e da criatividade em benefício do povo americano”. P61
Acho-as fascinante – todas essas missões. Elas mostram que em diversas instituições a missão pode ser breve e significativa. Elas também podem apresentar o impacto que que as bibliotecas desejam ter, e não as coisas que elas acumulam. (p.62)
(...) vamos ver algumas algumas missões nem tão inspiradoras assim... p62

A Biblioteca Pública de Minha Cidade oferece materiais em diferentes formatos e serviços para pessoas de todas as idade, para ajudar os membros da comunidade a obter informação que venha ao encontro de suas necessidades pessoais, educacionais e profissionais. Todos os serviços da biblioteca são vigorasamente promovidos para aumentar a conscientização pública e, assim melhorar a qualidade de vida dos cidadãos de Minha Cidade.



(...) uma missão da biblioteca para promover a biblioteca? p.63

[partes de outra missão] por meio do fornecimento de serviços e materiais da biblioteca... por meio da seleção, aquisição, catalogação, organização e distribuição de materiais...

... Minha principal queixa aqui é a de que está totalmente voltada a apresentação de materiais, e não para a sua posse compartilhada ou sua criaçãi coletiva com a comunidade. Não trata a biblioteca como um serviço, mas como um servidora. Isso mostra outro aspecto interessante da visão de mundo da velha biblioteconomia em contraposição à nova, a saber, a relação da biblioteca com a comunidade.

... Bibliotecários fazem seu trabalho não porque são servidores ou porque precisam criar um produto para ser consumido pela comunidade, mas essenciamente pelo fato de tornar a comunidade melhor. Os membros da comunidade não apoioam a biblioteca porque são clientes satisfeitos, mas porque a biblioteca é parte integrante daquilo que eles são. (p.64)

Esse conceito de biblioteca é análogo ao governo democrático. Quando você se, se representado, suas vozes são ouvidas, ele próprio está governando. Quando, não, sem que o governo e política e estagnada, ocorre a insatisfação... Biblitecas devem ser do povo e não para o povo. Quando um membro da comunidade entra em uma biblioteca (ou clica nela), ele deve vislumbrar uma oportunidade para contribuir, ter voz, aprimorar a instituição. Caso contrário, a biblioteca é apenas uma megalivraria ou uma Blockbuster a mais.

Da mesma forma, o bibliotecário deve apresentar um excelente serviço não somente por causa de uma exigência altruísta, mas por por causa de um desejo altruísta de melhorar a sua própria condição. se o bibliotecário fizer um bom trabalho, sua comunidade irá melhorar e uma comunidade melhor torna a situação do bibliotecário melhor. É um círculo virtuoso.

Vamos chegar agora outras missões desanimadoras, só que de bibliotecas universitárias:

... apresentando e preservando uma ampla variedade de recursos informacionais.

Para ser honesto vírgula essa missão não é tão ilustre vírgula mas ainda é muito mais sobre o fortalecimento de uma instituição por meio da provisão de materiais parênteses recursos informacionais parênteses abre parênteses.

Uma missão baseada em expectativas maiores.

Então, as bibliotecas possuem uma missão: Melhorar a sociedade por meio da criação de conhecimento. obviamente, a missão das bibliotecas é única entre a maioria das outras instituições. p.66

... Como definir uma biblioteca sem limitá-la a acervos e objetos? Se deve esperar que uma biblioteca seja mais que um depósito de livros, o que devo esperar? O que faz uma biblioteca? p.69

Biblioteca como facilitadora

Em só uma palavra, o que os bibliotecários fazem é facilitar. (p.69)

Reconheço que para alguns pode parecer um pouco decepcionante. revoluções no Egito, Fab Labs e ser uma referência para as aspirações da comunidade parecem exigir uma palavra mais forte do que "facilitar", algo como " empoderar", "defender" ou "inspirar". E bibliotecas deveriam fazer tudo isso . Lembre-se que facilitar é apenas uma parte da missão mais ampla de "melhorar a sociedade facilitando a criação de conhecimento em suas comunidades"... Bibliotecas e bibliotecários facilitam a criação de conhecimento, trabalhando para tornar você e sua comunidade mais inteligentes. As bibliotecas fazem isso de quatro modos:
.fornecem acesso;
.fornecem capacitação;
.proporcionam um ambiente seguro;
.despertam sua motivação para aprender.
p.69

Aludi a pelo menos alguns desses pontos quando falei das bibliotecas como redes de segurança. Esses meios de facilitar podem ser visgos como pedaços que devem ser ligados de modo apropriado para aprender. É preciso ter acesso ao conhecimento. Depois de ter ao cesso, é necessário compreender como usá-lo. Quando se sabe como usá-lo, deve se sentir seguro ao usá-lo. Por último, mesmo tendo acesso e conhecimento, e sentindo-se seguro, é preciso querer usar o conhecimento. P.70

Todas as bibliotecas respondem ao primeiro ponto de facilitação, provendo acesso. Todas tentam alcançar os quatro modos, ao menos teoricamente. Entretanto, muitas bibliotecas falham por verem o conhecimento como uma coisa, enfatizando demais o acesso, e apoiarem, em vez da criação, o consumo de conhecimento. Se nossas bibliotecas darão suporte a suas comunidades no futuro, precisam fazer um trabalho melhor quanto a esse aspecto. (p.70)

O que é conhecimento?

Seria fácil pegar as definições de facilitação e acrescentar “livros” ou “bases de dados” ou qualquer outro elemento no final. Por exemplo: fornecer acesso a livros/bases de dados/materiais. Muitas bibliotecas fazem isso. Entretanto, não é a isso que me refiro. Refiro-me a fornecer acesso a conhecimento, e isso é muito diferente de recursos, livros e artigos.

Eis o que o conhecimento não é: não é um acúmulo passivo e tranqui-lo de fatos. Não é uma base de dados com artigos ou um prédio cheio de livros. Não é medido em quilos ou em metros. Conhecimento não é estático, não é desinteressado, nem frio.

Conhecimento é algo intrinsicamente humano e intimamente ligado à paixões do indivíduo. Conhecimento é dinâmico, está em constante mudança, é vivo. P.70

A visão de conhecimento como algo dinâmico e construído é importante quando falamos a respeito de esperar mais das bibliotecas. Para simplificar: se você vê o conhecimento como algo contido em livros (e bases de dados e artigos), você facilita a criação de novo conhecimento acumulando livros e facilitando acesso a eles. Agora, se você vê conhecimento como algo mais dinâmico, e essencialmente construído pelo indivíduo e pela comunidade, então é necessário mudar radicalmente o que uma biblioteca faz – você precisa ver a biblioteca como um espaço ativo de aprendizagem. (p.71)

(...) foi-se o tempo em que o modelo de ensino do “professor no púlpito” era visto como a melhor forma de entregar o conteúdo da aula. Agora os alunos criam conhecimento juntos , colocam a mão na massa e trabalham em projetos... Nossas bibliotecas devem passar pela mesma mudança.

Talvez essa nova noção de conhecimento construído de maneira ativa seja a maior mudança de expectativa de que precisamos para ter as bibliotecas que merecemos. Se quero aumentar meu conhecimento, a biblioteca deve possibilitar que eu faça isso ativamente. Certamente, em muitos casos, somente ler sobre o assunto é o suficiente, mas em muitas outras situações é necessário praticar, experimentar e explorar para aprender.

Buffy Hamilton, bibliotecária da “Biblioteca Inquieta” da Escola de Ensino Médio Creekview em Canton, Georgia (perto de Atlanta), sabe muito bem disso. Buffy não gasta muito tempo organizando prateleiras e livros. Ela está ocupada com projetos de coensino como o Media 21... p.72

O que você deve esperar de um bibliotecário escolar em termos de leitura?

. considere novos meios de promover a leitura. oriente aos alunos o uso de Playaways, Kindles, Ipads...
. compartilhe com os alunos aaplicativos de e-book...
. seus descansos de tela dos computadores divulgam boas leituras, e não Dell, Apple e HP.
. avalie e comente livros em seus próprios blogs, wikis e outros websites...
. incorpore ebooks nos websites das biblioteca para estimular a leitura e apoiar o aprendizado.
. trabalhe em conjunto com os alunos para criar e compartilhar rodas digitais de conversa e trechos de livros.
p.73
...

preencha o espaço físico e virtual da biblioteca com produções e contribuições dos alunos – seus vídeos, músicas, artes.

Um bom bibliotecário escolar não é um balconista nem se limita à manutenção de um acervo, mas deve ser um parceiro ativo no processo de aprendizagem. Um bom bibliotecário escolar também é uma espécie de professor que ajuda os professores das áreas temáticas a se aperfeiçoarem. Esse bibliotecário – que deveríamos desejar para nossas escolas – oriente os alunos para o aprendizado baseado em pesquisa, livre das restrições e dos limites do “ensino” demasiadamente estruturado, comprovado e unilateral.

Uma aumento de desempenho escolar não advém do simples fato de ter, no prédio da escola, uma sala chamada biblioteca. Tampouco está vinculado ao tamanho do acervo. Ela se resume a uma variável: a presença de um bibliotecário escolar qualificado. Mas não um bibliotecário escolar qualquer. Ele precisa se comprometer. Precisa coensinar e trabalhar com os alunos no aprendizado, não deve estar focado apenas nos materiais. P75

Fornecer acesso
A visão clássica de fornecer acesso diz respeito a fornecer acesso aos acervos. Isso mudou um pouco, abrangendo acesso a informação, mas ainda assim se pensa na informação funcionalmente definida como acervos de textos, imagens e diferentes materiais, digitais ou impressos. Aí está um grande problema dessa visão de acesso: é acesso de uma única forma. Em essência, muitas bibliotecas definem acesso como oferecer acesso a seu acervo. É necessário esperar mais da biblioteca. É necessário esperar que ela forneça uma plataforma na qual seja possível acessar as ideias dos outros, mas também que abra espaço para que os demais tenham acesso às suas ideias.

Joan Fry Williams, bibliotecária e proeminente consultora de bibliotecas, explica isso muito bem quando diz que as bibliotecas devem passar de mercearias para cozinhas. Na primeira você somente adquire, compra ingredientes para suas refeições. É na cozinha, entretanto, que esses ingredientes são combinados de acordo com suas habilidades e talentos para construir uma refeição. Cozinhas tendem a ser espaços sociais, o lugar para onde todos vão no fim de uma festa, porque é onde a ação acontece. Bibliotecas precisam ser cozinhas: espaços sociais ativos onde você mistura uma rica gama de ingredientes (informação, recursos, talentos) que se transformam num interessante composto que então pode ser compartilhado.

Isso é o que Joyce Valenza discute em seu manifesto quando fala sobre alunos publicando suas histórias e colaborando com os outros alunos e com os professores. Sua biblioteca fornece acesso não somente a materiais, mas a colegas, professores, ideias da comunidade e ferramentas como câmeras, laptops, sites de mídias sociais, livros etc. Note, contudo que não foi o fornecimento de ferramentas que fez a biblioteca de Joyce uma biblioteca, mas sim o acesso a conhecimento em si. As ferramentas desse acesso vão mudar (de livros para e-books, de telefones para Skype), mas o objetivo do a acesso continuará sendo o mesmo.

Se sua biblioteca é simplesmente um lugar para consumir - publicações e materiais de outros - e não um lugar para criar e ter acesso ao resto da comunidade, você deve esperar mais.

p.76
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(...) A biblioteca deveria ser um lugar aonde ir, seja fisicamente, seja on-line, para ajudar a ter contato com outras ideias e compartilhar suas ideias com os outros. É assim, que as comunidades aprenderam: colaborando e conversando.
p.77

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(...) De fato, a sociedade realmente gasta uma enorme soma para ensinar as pessoas a usar uma tecnologia bastante básica como os livros. A isso chamamos leitura.
p.77

Qualquer tecnologia precisa de algumas instruções básicas sobre como utilizá-las. Não aprendemos a ler dormindo em cima de livros. Acesso não é o suficiente. Precisamos esperar que nossas bibliotecas ajudem a preparar a comunidade para se envolver num aprendizado ativo.

Vamos agora para uma segunda forma de facilitação: fornecer capacitação. As bibliotecas deveriam trabalhar com um membro de sua comunidade numa atividade de aprendizagem especificamente para permitir a ele envolver-se em uma conversa mais ampla ou em uma atividade de aprendizagem mais abrangente... Em bibliotecas públicas, bibliotecários oferecem aulas e noções básicas de informática e escrita. Há décadas, bibliotecas universitárias oferecem capacitação para procurar e utilizar informação (antes chamada de instrução bibliográfica, agora muitas vezes chamada apenas instrução).

p.78

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Ver cada membro da comunidade como um consumidor é esperar muito pouco de você. Você não é um consumidor nem um cliente da biblioteca. A maioria das bibliotecas usará o termo “patrocinador” para ser referir a comunidade. É um pouco melhor, mas ainda evoca a imagem de ricos proprietários de terra na Itália pagando por pinturas a óleo. Prefiro o termo “membro”. (p.97)

É claro que há momentos em que faz sentido esperar que a comunidade vá à biblioteca. Falamos sobre integrar os bibliotecários à comunidade; que tal integrarmos a comunidade à biblioteca? (p.125)

Os bibliotecários utilizam sua instrução e suas habilidades para identificar as necessidades de uma comunidade e construir sistemas para acessar a recursos que respondam às dúvidas (e às aspirações) dessa comunidade. Isso pode significar criar sistemas sobre o modo como os itens são arquivados ou como as páginas são lidas na web. O que a maioria das pessoas não percebe é que, quanto Tim Berners-Lee inventou a World Wide Web, ele estava tentando resolver um problema de biblioteca: como encontrar artigos de física citados em um ambiente digital. Assim, em última análise, bibliotecários são construtores de ferramentas.

Cada vez mais, profissionais da informação confrontam-se com uma sociedade mais e mais conectada, onde a informação está prontamente disponível. Mas profissões estão buscando entender a importância das interações sociais e a complexidade de uma comunidade. Por causa disto, muitas profissões estão se aproximando cada vez mais, e à vezes de modo desconcertante de outras profissões. Alguns bibliotecários veem essa recente proximidade como uma ameaça. Refugiam-se naquilo que fizeram historicamente, buscando uma espécie de perímetro seguro. Há um problema real em definir sua profissão mais por funções e ferramentas do que por impacto e missão. Quando você começa a se definir pelo que faz, novos modos de fazer as coisas tornam-se ameaças. Ou pior, se alguém faz coisas semelhantes, torna-se um concorrente. Assim, o Google é uma ameaça porque não usa catalogação descritiva para indexar o mundo, e alguns bibliotecários procuram rejeitá-lo. Já a Amazon é uma concorrente porque oferece livros. Pior ainda, deixando até as pessoas emprestarem em Kindles. E qual é a resposta a essas pretensas ameaças? Bibliotecários construíram um novo Google ou sua própria plataforma para e-books? Não, eles adoram o Google e a Amazon porque essas ferramentas funcionam.

Bibliotecários que procuram servir, o valor do seu trabalho é mensurável a partir de seu impacto sobre os outros. (p.150)

Você deve esperar que uma biblioteca excelente procure maneiras inovadoras de apoiar a aprendizagem. Uma grande biblioteca deve provocar e inspirar conversa. (p.155)

Você não pode esperar que uma biblioteca excelente se mantenha assim com corte de pessoal e substituição de verdadeiros bibliotecários por balconistas. (p.155)

O que faz uma biblioteca ser ruim não é seu acervo. Bibliotecas ruins podem ter acervos grandes ou pequenos. Bibliotecas excelentes também podem ter acervos grandes ou pequenos (ou não ter acervo). No entanto, as bibliotecas ruins veem o acervo como os materiais físicos que elas compram e empestam. As bibliotecas excelentes veem a própria comunidade como o acervo. Há um valor fantástico em uma grande quantidade de livros e artigos de jornais; mas uma comunidade é mais rica, variada e poderosa! (p.156)

A comunidade é o verdadeiro acervo, e as bibliotecas ruins precisam investir muito menos em acervos de livros e muito mais nas conexões com a comunidade. Uma biblioteca ruim acredita que seu principal intuito é criar acervos para as futuras gerações; uma excelente biblioteca compreende que o valor que ela transmite é o legado de uma visão que a comunidade tem de herança e aspirações. Bibliotecas ruins buscam construir conexões entre itens, e grandes bibliotecas constroem vínculos entre pessoas. (p.157)

Uma biblioteca ruim usará as instalações como desculpa... Serão essencialmente os serviços, os profissionais e a copropriedade que trarão as pessoas de volta. Constrói-se uma biblioteca nova quando a antiga é muito pequena para acomodar a comunidade, não quando é muito pequena para acomodar os objetos. (p.157)

Grandes bibliotecários experimentam novos serviços e não têm medo de falhar. Há diferença entre fracasso e erro. Um erro é quando você faz algo errado e não aprende com isso (portanto você o repete com frequência). Uma falha é algo que você tenta fazer, e que está um pouco além do seu alcance, mas a respeito do qual você consegue imaginar como se sair melhor na tentativa seguinte. Se seus bibliotecários não experimentam coisas novas e não superam os limites, ou se estão com medo de experimentar algo porque podem falhar, então estão com medo de aprender (ou pior, são vítimas de má gestão que recompensa apenas êxito, e não aprendizado). (p.160)

A diferença entre a boa e a excelente biblioteca resume-se a isto: a biblioteca que busca servir sua comunidade é boa, e a biblioteca que busca inspirar sua comunidade a ser cada vez melhor é excelente. (p.168)

Imagine um sumério dizendo: Uma biblioteca é uma coleção de tabuletas de argila, isso é tudo o que é, que é tudo o que sempre será. Mesmo que haja alguns loucos por aí imprimindo folhas planas e dizendo que vamos ler tabletes que não poderiam sobreviver um incêndio? (Charlie Bennett, The library is not a collection of books)